segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Momento de travessia

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."
(Fernando Pessoa)

Fernando Pessoa estava totalmente certo ao escrever isso, realmente temos um momento em nossa vida em que temos que tomar decisões importantes e se essas decisões não forem tomadas ficaremos para sempre à margem de nossa vida, nos culpando e nos martirizando por não termos atravessado o rio.

sábado, 14 de agosto de 2010

Um gato diferente

Uma vez eu tive um gato. Você deve estar pensando: - Grande coisa, muitas pessoas têm gatos. Mas, o que você não sabe é que esse gato era especial, ele não caia em pé. É isso mesmo, ele não caia em pé.
Todos dizem que os gatos sempre caem em pé, mas o meu não caía, o levamos em vários veterinários, e nada, uma vez tentamos ensiná-lo a cair em pé, o jogávamos de uma certa altura mas nada, mesmo de lugares baixos ele nunca ficava em pé.
Nunca o entendemos, quase toda a vida dele foi assim. No começo ele era meio triste, acho que ele ficava desanimado por ser diferente, mas com o passar do tempo ele se acostumou, e até ganhou um certo medo de altura.
Quando o pegávamos ele sempre ficava nervoso, miava, gritava e arranhava a pessoa. O nome dele era Tido, ele não subia em arvores, nem em cima da casa, ele evitava até as cadeiras, o colo dos outros para ele era um pesadelo.
Esse era o Tido, um gato com medo de altura porque não conseguia cair em pé, e assim ele foi vivendo, fugindo dos lugares altos, sempre que chegava em algum lugar alto ele miava desesperadamente até alguém o salvar, geralmente esse papel cabia a mim.
Mas ele não foi sempre assim, medroso, um dia Tido quis tentar desafiar o perigo, eu o observei de longe, o vi subindo numa árvore do quintal, a árvore era pequena, mas para o Tido toda altura era grande, ele foi subindo, subindo, devagar, meio trêmulo, talvez receando o que poderia lhe acontecer.
E o Tido subiu na árvore, eu o observei dessa vez ele não miou como alguém que pedia socorro, Tido só ficou lá em cima olhando para baixo, talvez procurando dentro de si a coragem para saltar em busca do incerto, devia estar pensando qual seria a consequência do seu ato, será que mais uma vez ele fracassaria?
Confesso que cansei de vê-lo lá em cima, somente olhando para baixo, então fui tirá-lo de lá, ele me viu indo em sua direção, e a cada passo que eu dava ele me parecia mais nervoso, parecia estar a ponto de fazer uma loucura, e eu fui me aproximando e cada vez mais Tido se preparava para saltar, quando eu cheguei perto dele, quando fui pegá-lo, e ele fez o improvável, o Tido saltou e o mais improvável, conseguiu parar em pé.
Jamais pensei que aquele gato covarde conseguiria fazer aquilo, sozinho ele tomou coragem e saltou em busca do que parecia ser seu sonho, cair e parar em pé, depois disso Tido se tornou um gato comum e feliz, não era mais aquele gato medroso, vivia subindo nas árvores, nas casas, nos muros, sempre saltando, e nunca mais ele caiu. Hoje Tido já se foi, mas o seu exemplo de coragem permanece em mim, jamais me esquecerei daquele dia quando o Tido desafiou o seu medo e venceu.

Viver e Sonhar

Como é bom sonhar!
Imaginar um mundo novo
onde não há nada fora do lugar.
Ah como é bom sonhar!

E como é ruim sonhar!
Viver num mundo de ilusão,
onde só o que nos espera é a solidão.
Como é ruim sonhar!

Mas, como é boa a realidade!
Viver nesse mundo estranho
e que estranhamente aprendemos a gostar.
Não porque ele seja perfeito
mas, simplesmente porque foi feito
para que pudéssemos sonhar.
Como é boa a realidade!

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O que faremos amanhã?

O que faremos amanhã? Boa pergunta essa! Mas eu tenho uma melhor: Por que pensar no amanhã?

Qual motivo para nos preocuparmos com o que ainda não existe, o que temos é o hoje e um passado que não volta mais, o que passou, passou, e o que virá, não chegou ainda.

Por que no preocupamos tanto com o que ainda não temos? Muitas vezes esquecemos de viver o hoje para pensarmos no inacessível amanhã, quantas previsões são feitas para se conhecer o futuro, e quantas dessas previsões são falsas. Ah, esse enigma chamado amanhã, que tantos tentam descobrir, mas nenhum consegue, acho que, o que nos move é a busca ao intocável, inacessível e ao invisível, assim é o nosso futuro, intocável, inacessível e invisível.

Nada sabemos dele, pois ainda ele não chegou, se chegará? Quem sabe, só sei que vou vivendo o hoje, curtindo cada segundo, por que talvez não haja amanhã.

A Mãe da Menina e a Menina da Mãe de Flávio de Souza

Eu estava hoje lendo um conto chamado A Mãe da Menina e a Menina da Mãe de Flávio de Souza. Conto muito interessante, ele nos fala de uma menina de sete anos que vai descobrindo a vida, e em uma de suas descobertas, ela vê que a sua mãe ainda guardava dentro de si a sua criança interior, e no dia das crianças ela quer presentear essa criança que ainda está dentro da sua mãe, e assim a história vai se desenrolando. Mas essa frase me chamou a atenção:

"Aí a gente se olhou. Parou de chorar. E sem dizer nada, conversou. Os olhos falam mais que a boca. E é tão bonito quando eles conversam, porque olho não mente".

Sem mais comentários, essa frase fala tudo.

Estrela cadente

Descobri que estrelas cadentes são inúteis, a não ser pela sua beleza para mais nada servem, beleza essa que tirando os que têm olhos rápidos e grande sorte, o resto nem as percebem, muitos se atrevem a pedir-lhes coisas, como se elas parassem para ouvir o que os simples mortais tem a pedir, elas são altivas, são magnânimas, e não querem conversa.

A razão de tudo

Deus é a razão de tudo. Tudo o que existe, exite por Ele e para Ele. Ele tudo planejou, formou e sustenta. Simplesmente por amor e nada mais.